Territórios autônomos zapatistas: esboços de uma geografia alternativa. ALKMIN, F. & JESUS, G. Agrária, 19:158–195, 2013. Paper doi abstract bibtex Observa-se nas últimas três décadas a emergência política de diversas organizações indígenas nos países latino-americanos. No bojo desse fenômeno, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) levantou-se publicamente em armas no ano de 1994, em Chiapas, México. O EZLN destacou-se dos demais movimentos indígenas não só pelo uso das armas, mas também por suas estratégias discursivas e propostas alternativas ao indigenismo integracionista até então levado a cabo pelo Estado mexicano. Entre as demandas já “tradicionais” dos povos indígenas, como a questão da permanência à terra, o movimento zapatista incluiu em sua pauta política a reivindicação por autonomia, entendida, nesse contexto, como um distinto regime jurídico-territorial que permita aos povos indígenas mexicanos o exercício concreto da autodeterminação. Após o fracasso na aprovação de uma lei que definisse os marcos legais desse regime autonômico, os zapatistas decidem consolidar unilateralmente a autonomia que já vinham desenvolvendo em suas comunidades, desde o final de 1994. A partir dessa “autonomia em resistência” suprimiram qualquer tipo de relação com o Estado. As mudanças dessas relações de poder se projetaram no espaço, onde, a partir da conformação de comunidades, municípios e zonas autônomas, criaram-se governos paralelos zapatistas, operantes até a presente data. Uma descrição detalhada da formação, estrutura e administração político-territorial da autonomia zapatista é o objeto do presente artigo.
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