O vocabulário de Deleuze. Zourabichvili, F. IFCH - Unicamp, 2004. bibtex*:ZourabichvilivocabularioDeleuze2004
abstract   bibtex   
"Literalmente": que ouvinte de Deleuze não guardou a lembrança dessa mania de linguagem? E como, sob sua aparente insignificância, não escutar a convocação incansável e quase imperceptível de um gesto subjacente a toda a filosofia da "disjunção inclusa", da "univocidade" e da "distribuição nômade"? Os escritos, por seu lado, atestam por toda a parte a insistente advertência*1 : não tomem por metáforas conceitos que, apesar da aparência, não o são; compreendam que o próprio termo metáfora é um embuste, um pseudoconceito, pelo qual se deixam enganar em filosofia não apenas seus adeptos como seus oponentes, e cuja refutação é todo o sistema de "devires" ou da produção de sentido. A essa estranha e múltipla cadeia desenvolvida pela fala de Deleuze, o ouvinte de bom senso podia opor seu cadastro e nela enxergar apenas algo figurado. Nem por isso deixava de receber em surdina o perpétuo desmentido do "literal", o convite para colocar sua escuta aquém da divisão estabelecida entre um sentido próprio e um sentido figurado. Será que convém, conforme o sentido que lhe deram Deleuze e Guattari, chamar de "ritornelo" essa assinatura discreta - apelo lancinante, sempre familiar e sempre desconcertante, para "deixar o território" pela terra imanente e indivisível da literalidade? Suponhamos que ler Deleuze seja ouvir, mesmo que por intermitências, o apelo do "literal".
@book{zourabichvili_o_2004,
	title = {O vocabulário de {Deleuze}},
	abstract = {"Literalmente": que ouvinte de Deleuze não guardou a lembrança dessa mania de linguagem? E como, sob sua aparente insignificância, não escutar a convocação incansável e quase imperceptível de um gesto subjacente a toda a filosofia da "disjunção inclusa", da "univocidade" e da "distribuição nômade"? Os escritos, por seu lado, atestam por toda a parte a insistente advertência*1 : não tomem por metáforas conceitos que, apesar da aparência, não o são; compreendam que o próprio termo metáfora é um embuste, um pseudoconceito, pelo qual se deixam enganar em filosofia não apenas seus adeptos como seus oponentes, e cuja refutação é todo o sistema de "devires" ou da produção de sentido. A essa estranha e múltipla cadeia desenvolvida pela fala de Deleuze, o ouvinte de bom senso podia opor seu cadastro e nela enxergar apenas algo figurado. Nem por isso deixava de receber em surdina o perpétuo desmentido do "literal", o convite para colocar sua escuta aquém da divisão estabelecida entre um sentido próprio e um sentido figurado. Será que convém, conforme o sentido que lhe deram Deleuze e Guattari, chamar de "ritornelo" essa assinatura discreta - apelo lancinante, sempre familiar e sempre desconcertante, para "deixar o território" pela terra imanente e indivisível da literalidade? Suponhamos que ler Deleuze seja ouvir, mesmo que por intermitências, o apelo do "literal".},
	publisher = {IFCH - Unicamp},
	author = {Zourabichvili, François},
	year = {2004},
	note = {bibtex*:ZourabichvilivocabularioDeleuze2004},
	keywords = {Gilles Deleuze, filósofo francês, história da filosofia},
}

Downloads: 0